A frase de Descartes "Os corpos não são conhecidos a partir do fato de que eles são vistos ou tocados, mas sim apenas porque são entendidos" explicita o paradigma racionalista. O racionalismo advoga que a razão sobrepõe-se aos sentidos na construção do entendimento sobre a realidade. "Ver" e "tocar" são aptidões dos sentidos e, segundo os racionalistas, não são capazes de construir um conhecimento exato sobre o mundo exterior.
Contrários a essa temática de Descartes e de outros pensadores racionalistas, os empiritas defendem que os sentidos - e não a razão - são as ferramentas do homem para assimilar o conhecimento sobre o mundo exterior. A mente é uma tábula rasa, que vai sendo pintada na medida em que o homem apreende a realidade externa com o uso que faz dos sentidos.
Qualquer desses dois grandes paradigmas filosóficos implica o enfrentamento de várias questões metafísicas tais como "O que é o conhecimento?", "O que se conhece de fato?" ou, ainda, "O que é a verdade?". Questões como essas surgirão em algum momento da atividade científica e não se pode ignorá-las.
E.J. Lowe menciona que “toda ciência empírica pressupõe a metafísica”. O papel da metafísica para com a ciência, segundo o mesmo autor, é delimitar um universo de possibilidades como ponto de partida para os experimentos da ciência. A partir dessa delimitação a ciência trabalhará para alcançar, dentro desse universo de possibilidades, aquela que for mais condizente com a verdade que se pretende demonstrar.
A metafísica antecede a ciência, prepara seu campo de ação e trabalha para que ela alcance seus objetivos. A ciência não determina o que é real sem que a metafísica determine, primeiramente, o que é possível, traduzindo, em outras palavras, o que defende Lowe. Há uma nítida relação de dependência entre a ciência e a metafísica, na qual a primeira depende do trabalho preliminar da segunda.
Portanto, quer no início, quer no curso da atividade científica, questões metafísicas virão à tona e exigirão uma abordagem específica de modo que é possível concluir que não há como dissociar a ciência da metafísica.
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