Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho 14, 2010

A Metafísica

A filosofia não dispõe de um único método que lhe sirva para perscrutar as questões que ela investigar. Os assuntos objetos da filosofia não são problemas científicos e não estão sujeitos a validação empírica. São questões perenes, que se perpetuam no tempo e cuja existência força a comunidade filosófica a constantemente questionar em diversas direções para buscar as respostas e a construir variadas formas de raciocínio, correntes e teorias. Descartes - e seu método cartesiano - investigava as questões universais duvidando de tudo aquilo que pudesse ser objetável. Ao duvidar de tudo, duvidou de sua própria existência, comprovando-a somente pelo fato de que era um ser pensante. Daí decorre a célebre frase : "Penso, logo existo". Didaticamente, convencionou-se dividir as disciplinas filosóficas em metafísica, filosofia crítica, epistemologia ou teoria do conhecimento, filosofia política-ética e estética. Sobre a metafísica, ela está presente no conteúdo de todas as demais disci

A Antropologia na Antiguidade Clássica

Com os pré-socráticos, o cerne da filosofia era o cosmos. Os filósofos se ocupavam de questões ontológicas, da origem do universo e dos seres. Foi com os sofistas que deu-se início a mudança dessa perspectiva. O centro da filosofia migrava das questões cosmológicas para o homem; a antropologia e não a ontologia. Com Sócrates - avesso ao relativismo dos sofistas, para os quais a verdade nunca poderia ser alcançada - a antropologia volta-se para a idéia de que o homem deveria buscar a verdade dentro de si. O "conhece-te a ti mesmo" de Sócrates representa o resumo desse pensamento. Para ele, uma vida que não é refletida não merece ser vivida e a felicidade pode ser alcançada pelo esforço contínuo do homem em viver uma vida ética. Com Platão, as questões filosóficas e antropológicas ganham contornos transcendentes. Ao homem convém viver uma vida correta, praticando a fé, já que seu fim é retornar a Deus. Platão acreditava na vida após a morte, na transmigração da alma e considera

Filosofia: Prática Libertadora

Os governos ditatoriais e algumas religiões tem o "costume" de enfatizar a inutilidade da filosofia, da sociologia e das ciências humanas em geral, evidenciando o saber técnico em detrimento do reflexivo. Porque isso acontece? O "costume" de enfatizar a inutilidade da filosofia e demais ciências humanas é decorrente do medo. A filosofia ensina a pensar criticamente; ela é um instrumental da razão para abrir os horizontes da mente e construir um arsenal de idéias novas. Aprende-se a pensar por meio da filosofia. E pensar é um risco para o ditador, para o líder que não quer perde o seu posto e para a instituição que não quer ser desmoralizada. Quem pensa pode vir a constatar que está sendo manipulado, dominado, subjugado. E, sobretudo, quem descobre que está sendo oprimido, descobre, também, que pode lutar contra essa opressão. E vencê-la com a autonomia do seu pensamento e da condução de sua própria vida. O ditador não quer opositores. Os manipuladores não querem ser

Sobre o Pragmatismo

O pragmatismo é uma corrente de pensamento voltada para a conceitar e caracterizar uma concepção específica de educação. Para o pragmatismo, a educação tem caráter social. Ela deve primar pela multiplicidade de possibilidades de conhecimento e aprendizado, de modo a permitir a implementação de práticas inclusivas que prezem pela diversidade e pluralidades de conceitos e idéias. Segundo o pragmatismo, não deveria - nem pode haver - currículos estanques e práticas educativas inalteráveis, dada a necessidade de adaptação da educação ao contexto cultural e temporal do homem e dada a própria mutabilidade do ser humano. Na educação deve ser levado em conta o ambiente cultural e histórico em que está inserido o aluno e as suas múltiplas variáveis. O pragmatismo é anti-funcionalista. Para ele o conhecimento é resultado do hábito e da prática. Considera, ainda, a própria estrutura biológica e mental do ser humano e a capacidade de interação que possibilitam o diálogo e as trocas cognitivas nece

Epistemologia e Práticas Educativas

Epistemologia é a construção de idéias voltadas para o que vem a ser o conhecimento e como ele pode ser apreendido. É a ciência do conhecimento e dos modos de adquiri-lo. Pensar o conhecimento nas práticas pedagógicas é semelhante a buscar mecanismos de compreender como o aluno aprende, como ele conhece e o que vem a ser o conhecimento. A psicologia oferece grande contribuição na perspectiva de buscar esclarecer os mecanismos cognitivos de aprendizado do ser humano. A filosofia da educação igualmente contribui quando busca esclarecer conceitos e lançar as bases da epistemologia voltada para o agir educacional. Os maiores filósofos da humanidade construíram teorias do conhecimento das mais variadas correntes. Na construção de uma teoria que lance os fundamentos epistemológicos, filosóficos e metafísicos do agir pedagógico direcionado ao conhecimento, deve-se levar em conta vários aspectos. Conhecer alguma coisa ou o modo como se conhece está intimamente relacionado a diversos fatores. U

Breves Notas Sobre o Personalismo de Emmanuel Mounier

A Renascença identifica-se com o fim da Idade Média e início da Moderna. Para a história da humanidade, isso representa um marco significativo na mudança de perspectiva em quase todas as áreas. A filosofia da antiguidade clássica torna-se fonte de inspiração para a Renascença e modifica significativamente a noção antropológica do período. A revalorização da antiguidade clássica, que está na essência das características do movimento renascentista, traz consigo o Humanismo. Segundo o filósofo e jurista Miguel Reale, o movimento renascentista serviu de arcabouço para o surgimento de novas idéias que culminaram na ocorrência de uma mudança substancial na Ciência e na Filosofia, a partir da perspectiva do Humanismo. O Humanismo, principal ideologia da época, coloca o homem no centro da preocupação da Ciência e da Filosofia. Ele retrata principalmente a idéia de que o homem deve usar a razão e basear-se nas evidências empíricas para chegar às suas conclusões sobre tudo. O raciocínio lógico