Com os pré-socráticos, o cerne da filosofia era o cosmos. Os filósofos se ocupavam de questões ontológicas, da origem do universo e dos seres.
Foi com os sofistas que deu-se início a mudança dessa perspectiva. O centro da filosofia migrava das questões cosmológicas para o homem; a antropologia e não a ontologia.
Com Sócrates - avesso ao relativismo dos sofistas, para os quais a verdade nunca poderia ser alcançada - a antropologia volta-se para a idéia de que o homem deveria buscar a verdade dentro de si. O "conhece-te a ti mesmo" de Sócrates representa o resumo desse pensamento. Para ele, uma vida que não é refletida não merece ser vivida e a felicidade pode ser alcançada pelo esforço contínuo do homem em viver uma vida ética.
Com Platão, as questões filosóficas e antropológicas ganham contornos transcendentes. Ao homem convém viver uma vida correta, praticando a fé, já que seu fim é retornar a Deus. Platão acreditava na vida após a morte, na transmigração da alma e considerava as paixões o grande tropeço para a condução de uma vida justa.
Com Aristóteles, o homem é um ser racional e social. Sua antropologia descreve um homem capaz de raciocinar e conduzir suas idéias pelo uso da argumentação e da lógica; um homem que manifesta suas potencialidades quando está com outros seres iguais a ele, no convívio social. Para Aristóteles, o agir do homem deve pautar-se pela mediania, com controle dos excessos.
No estoicismo e epicurismo, o homem preocupa-se em graduar suas ações para poupar-se de dissabores resultante de excessos, ao tempo e que lida também com a base de princípios éticos.
Nesse cenário filosófico da antiguidade, os homens se identificam com as divindades, seus atos heróicos retratados nas peças e nos poemas gregos, suas virtudes e defeitos. O homem antigo era profundamente religioso e guardava temor aos deus. A virtude era considerada privilégio nato.
A visão do homem antigo transfere-se gradualmente de questões mais transcendentes para questões práticas. A virtude passa a ser vista como algo que pode ser adquirida. O homem virtuoso não é eleito pelos deuses, mas é resultado da prática das virtudes e sentimentos mais elevados. A evolução do pensamento da filosofia grega nos leva a concluir que o homem antigo passa a dar mais valor a questões políticas, sociais, éticas, antropológicas e, consequentemente, a preocupar-se com o ser humano e com o resultado do seu agir para sociedade.
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