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Mostrando postagens de março, 2010

O Homem - Um Ser-Para-A-Morte

O aspecto mais relevante que diferencia o homem dos outros seres é a consciência da sua existência. E é justamente essa consciência que nos causa dor, porque traz consigo a certeza da nossa finitude material, da morte. O homem é um ser-para-a-morte e sabe disso. Um dos grandes papéis das religiões é conceder ao ser humano alívio parcial, com promessas "de vida eterna", para amenizar esse conflito existencial que gira em torno da angústia trazida pela certeza da finitude. Acredito, também, que a necessidade de crença em um Deus passe por essa questão da seguinte maneira: Deus é eterno e imutável; o homem é a imagem e semelhança de Deus; logo, o homem também pode herdar a vida eterna daquele que a possui. Ser um ser-para-a-morte, e ter ciência disso, pode ser a causa principal da maioria dos conflitos do ser humano e da própria sociedade. A certeza da finitude gera o desespero. O homem não sabe o que o espera depois da morte e o que acontecerá quando o corpo se for. Disso decor

Teologia X Filosofia - Idade Média

Numa abordagem resumida dos contornos da Idade Média, não há como precisar nem os limites cronológicos, nem os territoriais desse importante e mal compreendido período histórico. Mal compreendido por ser normalmente qualificado como um período de trevas e obscurantismo quando, na verdade, foi um marcante momento de intensa e profunda reflexão sobre as questões atinentes à natureza do homem. Há a equivocada idéia, oriunda de interpretações feitas da realidade dessa época, de que a filosofia era e ainda é serva da teologia ou que ambas são a mesma coisa. Percebe-se que, no esforço de associar a filosofia da época medieval exclusivamente com a teologia dominante no período - que é a cristã - acaba-se desconsiderando, nesse contexto, as ricas contribuições filosóficas tanto do pensamento judeu, quanto árabe e da tradição grega. A verdade é que filosofia não é teologia, embora a teologia não prescinda da filosofia. Ambas não se confundem, embora haja entre elas uma intersecção evidente. Ist

A Filosofia da Educação - Parceria entre Professor e Aluno

O papel da filosofia da educação é fomentar a reflexão crítica sobre o processo educativo, suas variáveis e contextos, as práticas de ensino, a mentalidade do professor e a realidade do aluno. É essa reflexão crítica que vai possibilitar a melhoria da qualidade do ensino e a realização da transformação social proposta pela educação. Como dizia Paulo Freire, a educação é um ato político. A filosofia oferece o substrato crítico para as ações políticas. Educar é orientar a ação política em prol de um determinado objetivo. E o objetivo da educação é a transformação da sociedade para melhor. É inegável que faz-se necessária a conscientização do aluno para que deixe de ser mero receptor do conhecimento e passe a integrar de maneira ativa e eficaz o processo de aprendizagem, visando a troca de informações e experiências com os professores e o exercício da capacidade reflexiva. Educar não é apenas responsabilidade do professor, mas do indivíduo que se dispõe a aprender. Educar é uma via de mão

Antropologia Filosófica - Objeto de Estudo

Toda a temática da Antropologia Filosófica gira em torno da tentativa de definir o ser humano. O homem nasce com uma determinada carga genética que determina, pelo menos a priori, algumas características comportamentais decorrentes de sua natural fisiologia. Mas esse é apenas o primeiro aspecto - biológico - da existência humana. O homem é, na verdade, o resultado da sua genética, mas também da sociedade em que vive, das suas manifestações culturais, do contexto histórico em que está inserido, da sua maneira de encarar o mundo, da sua concepção moral e ética, da sua noção de estética, dos seus atributos psicológicos. É, portanto, papel da filosofia considerar todas essas variáveis para definir o homem e dimensionar sua existência. Assim como dizia Aristóteles, o homem é um ser gregário e sua existência se manifesta em relação a outros seres humanos. Isso quer dizer que as potencialidades do ser humano se mostram em maior extensão na medida em que ele se relaciona com o grupo social. N

Antropologia da Religião - Religiosidade, Aspecto Individual do Ser Humano

A religião, assim como todos os atributos da nossa personalidade, é um aspecto individual da manifestação da espiritualidade do homem. Cada ser humano é único na sua maneira de se expressar e na forma como busca compreender a idéia de um Deus, a formação do universo, o destino da humanidade, o sentido da vida, a natureza da alma, a diferença entre alma e espírito, a vida após a morte, se existe ou não uma força suprema que criou todas as coisas. Como é possível pretender contribuir para a formação de uma concepção religiosa se a leitura que se faz das questões envolvendo os maiores conflitos da humanidade é absolutamente individual? Nos últimos tempos tenho refletido sobre a possível violência que se esconde por detrás de algumas formas de compartilhar o conhecimento religioso. Tenho dúvidas se a religião pode ser "aprendida". Religião é um modo de expressão tão particular quanto nossas impressões digitais. É a maneira com a qual o espírito faz a leitura do universo. Será que