O aspecto mais relevante que diferencia o homem dos outros seres é a consciência da sua existência. E é justamente essa consciência que nos causa dor, porque traz consigo a certeza da nossa finitude material, da morte. O homem é um ser-para-a-morte e sabe disso.
Um dos grandes papéis das religiões é conceder ao ser humano alívio parcial, com promessas "de vida eterna", para amenizar esse conflito existencial que gira em torno da angústia trazida pela certeza da finitude. Acredito, também, que a necessidade de crença em um Deus passe por essa questão da seguinte maneira: Deus é eterno e imutável; o homem é a imagem e semelhança de Deus; logo, o homem também pode herdar a vida eterna daquele que a possui.
Ser um ser-para-a-morte, e ter ciência disso, pode ser a causa principal da maioria dos conflitos do ser humano e da própria sociedade. A certeza da finitude gera o desespero. O homem não sabe o que o espera depois da morte e o que acontecerá quando o corpo se for. Disso decorre o natural desespero gerado por essa vil incerteza. E o desespero, em todas as suas milhares de manifestações, causa desequilíbrio, ganância, desordem interna, descrenças, excessos, insanidades, crises de valores, o que termina por desestruturar completamente o ser humano e, consequentemente, a sociedade na qual ele está inserido.
Como será que o homem viveria se tivesse certeza absoluta do que o aguarda depois da morte? Será que a maior parte das angústias do homem permaneceriam? Qual é a real influência do medo da morte na nossa vida como um todo?
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