A divisão das disciplinas filosóficas é feita tomando-se por base o tipo de assunto a que se dedicam: são elas a metafísica, a filosofia crítica, a epistemologia, a filosofia política e a estética.
Sobre a metafísica, especificamente, consiste esta na área da filosofia que se preocupa com as questões envolvendo a natureza da realidade, do ser e da existência. Aristóteles chamava a metafísica de “filosofia primeira”, justamente por ela se ocupar das causas mais elementares da origem de tudo. Equiparava-a, também, a um tipo de ciência de Deus, que perscruta o ser, a existência, o divino, a alma, o espírito.
Há quem advogue a exclusão da metafísica do rol das disciplinas filosóficas, por acreditar que ela não pode ser considerada um estudo crítico dos conceitos científicos e da vida prática. Nesse contexto, é certo que, mesmo na metafísica, deve-se partir das premissas do senso comum e das demais ciências. Por outro lado, também é verdade que premissas metafísicas podem ser encontradas em todas as áreas do conhecimento e até mesmo a física, considerada pelos positivistas lógicos o modelo de ciência, tem proposições metafísicas. Note-se, portanto, que não é possível separar a filosofia crítica da metafísica; nem a metafísica da epistemologia.
Da mesma maneira, há forte interligação entre a metafísica e a ética. Questões como o aborto, a eutanásia e as manipulações genéticas são problemas éticos, os quais, necessariamente, serão confrontados com questões metafísicas decorrentes da idéia de Deus e da moral divina. Questionamentos como “O que Deus pensaria dessa ação?” ou “O que é certo e o que é errado?” são questões típicas da ética que buscam na metafísica premissas para suas conclusões.
Ainda, podemos identificar uma estreita relação entre a ética e a filosofia política. A interação dessas duas disciplinas é percebida nas contrapostas teorias clássicas da filosofia política. De um lado, o pensamento de Aristóteles, para quem a política pode ser vista como uma continuação da ética. Para ele, as normas morais e as práticas políticas relacionam-se diretamente e é defensável a regulação ética da política.
Diferentemente de Aristóteles, Maquiavel defendia que as regras da política não se identificam necessariamente com a ética comum, haja vista que a prática política tem por fim a manutenção do Estado e, para cumprir tal mister, os fins justificam os meios.
Na estética, o principal questionamento cinge-se em torno da indagação “O que é belo e o que é feio?”. Na metafísica encontram-se alternativas para responder a essas perguntas. Uma delas é a teoria da imitação, que tem suas raízes na perspectiva de Platão do mundo das idéias.
Esses são alguns exemplos da interdependência das disciplinas filosóficas, o que demonstra que sua divisão em áreas não se pretende estanque. Os assuntos afetos à filosofia se interagem, se misturam e se complementam. A filosofia é, portanto, um todo indissociável. E a metafísica é o estudo daquilo que antecede, pressupõe e estrutura vários fundamentos dos outras disciplinas filosóficas, bem como das demais ciências.
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