Pular para o conteúdo principal

Neoplatonismo no Islamismo e no Judaísmo

No islamismo, a maioria dos grandes nomes da filosofia árabe na Idade Média adotou o neoplatonismo, com elementos aristotélicos, na construção de suas idéias. Assim foi com Al Farrabi, Avicena, Al Kind. Averrois, por sua vez, seguiu outra linha, procurando justamente excluir todo o neoplatonismo da teoria aristotélica, a qual considerava perfeita expressão da verdade.

A Kalan, filosofia mulçulmana da qual se extrai a temática fé e razão, juntamente com o Corão e a tradição, são os principais componentes da filosofia árabe. Estão presentes na Kalam diversos elementos neoplatônicos, tais como referências à teoria da emanação dos seres, à vida após a morte, à transmigração da alma, ao conflito entre a onisciência divina e a liberdade do homem, ao destino do pecador e ao livre-arbítrio. O caminho do homem em direção a Deus e à exaltação da fé também são elementos advindos das idéias de Platão presentes na filosofia árabe.

Na filosofia judaica, igualmente encontram-se as mesmas idéias referentes a destino, livre-arbítrio, transmigração da alma e emanação dos seres. No judaísmo, a presença visível do neplatonismo é na Cabala. Trata-se de uma perspectiva mística do judaísmo, voltada para a construção de uma teologia cósmica, com elementos de magia e misticismo e com forte influência do gnosticismo e pitagorismo, ambos dotados de expressivos elementos platônicos. A Cabala é uma espécie de concessão do aristotelismo ao neoplatonismo para aliviar e tradição formal judaica firmemente lastreada em dogmas rígidos expressos no Michsná e Talmud. É uma maneira de dar à leitura das Escrituras uma interpretação mais livre.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Principais Pensadores da Antropologia Filosófica

Com o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, o cenário político modificou-se da centralização dos feudos para a descentralização em Estados Nacionais. O progresso despontava e a divulgação do pensamento e do conhecimento tornava-se cada vez mais evidente. Surge um novo ambiente para o desenvolvimento de uma nova visão antropológica manifestada nas mais variadas correntes de pensamentos defendidas pelos grandes nomes da filosofia mundial da Idade Moderna. Descartes, considerado o marco do pensamento antropológico que inaugura a Idade Moderna, enxergava ser possível, ao contrário de Montaigne, a existência de verdades absolutas. Para Montaigne, o conhecimento era impossível de ser apreendido tendo em vista o relativismo. Cada ser humano desenvolvia-se em um cenário cultural e histórico diferente, sendo impossível elaborar uma tábua de valores que fosse aplicável a todos os homens em todas as épocas, motivo que inviabilizava a elaboração de qualquer conhecimento que pretendesse s

Metafísica e Ciência

A frase de Descartes "Os corpos não são conhecidos a partir do fato de que eles são vistos ou tocados, mas sim apenas porque são entendidos" explicita o paradigma racionalista. O racionalismo advoga que a razão sobrepõe-se aos sentidos na construção do entendimento sobre a realidade. "Ver" e "tocar" são aptidões dos sentidos e, segundo os racionalistas, não são capazes de construir um conhecimento exato sobre o mundo exterior. Contrários a essa temática de Descartes e de outros pensadores racionalistas, os empiritas defendem que os sentidos - e não a razão - são as ferramentas do homem para assimilar o conhecimento sobre o mundo exterior. A mente é uma tábula rasa, que vai sendo pintada na medida em que o homem apreende a realidade externa com o uso que faz dos sentidos. Qualquer desses dois grandes paradigmas filosóficos implica o enfrentamento de várias questões metafísicas tais como "O que é o conhecimento?", "O que se conhece de fato?&qu

O Iluminismo e a Educação

O Iluminismo, movimento que transformou a visão antropológica do mundo na Idade Moderna, encontrou espaço para aflorar em razão da modificação do cenário político europeu da época. A necessidade iminente de progresso em todas as direções, a crise religiosa e a descrença no poder da Igreja minaram o feudalismo e forçaram a descentralização da Europa em Estados Nacionais. A classe burguesa movimentava o comércio e a economia exigia uma mudança de mentalidade antropológica. O homem, antes servo do senhor feudal, limitado, impossibilitado de gerar riqueza e girar capital por conta própria, agora ganhava uma nova roupagem dentro do Iluminismo. O homem passou a ser o centro dessa nova concepção antropológica e a razão seu principal instrumental para impulsionar o progresso. As pntecialidades do homem precisavam ser incentivadas. A ciência despontava, as invenções precisavam de mentes preparadas. Por essa razão, a educação foi fortemente incentivada nesse momento histórico. É por meio dela qu